Andréia Cristina Bernardes
Shirley Estela Benicio Oliveira
" Para a criança, o espaço é o que sente, o que vê, o que faz nele. Portanto, o espaço é sombra e escuridão, é grande, enorme ou, pelo contrário, pequeno, é poder correr ou ter de ficar quieto, é esse lugar onde pode ir, olhar, ler,pensar.
O espaço é em cima, embaixo é tocar ou não chegar a tocar, é barulho forte, forte demais ou, pelo contrário, silêncio, são tantas cores,todas juntas ao mesmo tempo ou uma única cor grande ou nenhuma cor...
O espaço, então, começa quando abrirmos os olhos pela manhã em cada despertar do sono, desde quando, com a luz retornamos ao espaço."
( Fornero, apud Zabalza 1998)
Na educação infantil é imprescindível um ambiente acolhedor e desafiador. Que tenha por objetivos, produzir conhecimento e aprendizagem, através de vivências lúdicas.
É comum comentários e reclamações principalmente nos berçários a respeito de mordidas, arranhões e etc. Nesta experiência percebemos que a partir do momento em que nós introduzimos os cantos de livre escolha, essas situações diminuiram praticamente 90% , fato absolutamente compreensível tendo em vista que as crianças ficaram mais compenetradas nas brincadeiras, tornando aquele espaço um mundo inteiramente seu. Aprendendo desta forma simples a compartilhar, expressar seus sentimentos e pensamentos e a lidar com situações conflituosas tendo a liberdade de escolher onde quer ficar, o que deseja fazer, com quem brincar ou simplismente brincar sozinha.
Optamos por iniciar com um canto permanente durante uma semana, e procedendo a troca de outros cantos diariamente. A criança não nasce sabendo brincar ísso é uma aprendizagem social. No inicio foi necessário que ensinássemos as crianças a brincarem, sentando e interagindo nas brincadeiras, não para transmitir uma forma única de brincar, mas para possibilitar que as crianças não temam em avançar suas potencialidades e imaginação até se apropriarem e criarem seu próprio jeito de brincar.
Notamos que desta forma as crianças vão se apropriando do espaço. Vão criando e recriando de acordo com o seu estado de espírito, criatividade e disposição, afinal de contas, nenhum dia é igual ao outro. E os cantos se tornam cada vez mais atrativos.
Com a sequência de fotos a seguir você poderá acompanhar alguns exemplos de cantos que organizamos, pois foram vários no decorrer do ano que demonstram a participação, a construção, a produção e a criação das crianças.
Primeiramente mostraremos a organização da sala e em seguida os cantos isoladamente para
melhor detalharmos.
Os blocos lógicos também podem ser usados como jogo da memória, nessa organização eles foram disponibilizados de forma diferenciada, colocados enfileirados em direção ao cercadinho, criamos um canto com mesas de artes com papel sulfite e canetinhas ao fundo da sala, livros sobre os colchonetes e caixa de sensações no centro da sala com plástico bolha no chão.
Neste dia optamos por organizar os cantos da seguinte maneira: pista de carros, blocos lógicos, jogo da memória de madeira e jogo da memória com as fotos das crianças. ( mostramos assim que podemos disponibilizar com os mesmos objetos cantos diversificados)
Neste outro momento demos um aspecto totalmente diferente aos cantos: Tenda da leitura, pista de carros, jogo da montanha russa e jogo de boliche com placas de EVA nos formatos quadrado, redondo, triângulo e retângulo.
Sabemos que a rotina é cansativa principalmente quando se tem entre 1 a 2 anos e meio deste modo sempre nos preoculpamos em organizamos a sala de modo criativo, neste dia os cantos são:jogos de encaixe, cantinho da beleza, casinha e cantinho da leitura.
Cantinho das artes:
De forma simples colocamos três mesas com dois lugares, papel sulfite e canetinhas, mas este canto simplificado é bem explorado, diversificando com papel pardo no chão, cartolinas nas paredes, massinhas, giz de cera, tintas etc
Este é um dos cantos preferidos das crianças, livremente sem nenhuma obrigação brincam desenhando soltando sua imaginação e criatividade.
Pista de carros:
A pista de carros foi confeccionada pelas educadoras do BI Sandra Borges e Valéria Paulino com intuito de promover o brincar de forma mais significativa, observando, elas perceberam que as crianças quebravam os carrinhos, por não saberem brincar, desejando modificar essa atitude elas desenvolveram a pista e notaram que as crianças sendo direcionadas para um objetivo começaram a brincar corretamente sem destruir os brinquedos.
Observe com que cuidado e atenção o Matheus se dedica ao colocar os carrinhos na pista ultilizando a sua imaginação.
Cantinho das texturas:
Esta caixa foi confeccionada pela educadora Quitéria Campanaro, com o objetivo de aguçar os sentidos e a curiosidade das crianças.
A sensação de prazer ao tocar, pisar
e estourar bolhas e caixa foi demonstrada claramente pelas crianças.
Ao nos depararmos com as poucas opções de brinquedos oferecidos pela Instituição, buscamos alternativas para não empobrecer os cantos e as atividades em geral, assim, unindo a criatividade aos talentos manuais elaboramos brinquedos e jogos, para não deixarmos de brincar.
Jogo da memória:
O jogo da memória foi uma superação para nós, ao
colocarmos o jogo sobre a mesa
esperávamos que ao entrarem na sala iriam jogá-lo no chão como de costume, mesmo após
termos sentado e
ensinado-os a jogar, mas para nossa surpresa o resultado foi diferente, o Eduardo, a
Anny e o
Kalebe sentaram e dividiram as peças sem contendas. O Eduardo organizou as peças dentro da caixa tentando encontrar os pares e conversando com os amigos para ver se estava com eles, tentando negociar uma troca das peças que lhe interessava.
Escritório:
Criamos o canto colocando duas mesas e duas cadeiras com um teclado e um notebook:
A
Nicolly chegou primeiro e tomou posse da cadeira e do
notebook, surge o primeiro conflito,
a Júlia e o
Felipe também queriam brincar, mas havia somente uma cadeira (
propositalmente)
Então a Júlia e o
Felipe decidiram brincar em pé ao redor da
Nicolly e assim seguiram amigavelmente sem nenhuma interferência do professor.
Casinha:
Organizamos este canto com uma mesa de madeira com quatro cadeirinhas, com uma toalha de mesa, bule e canecas de metai
s.
Primeiramente a Natália chegou e brincou por um bom tempo sozinha, servindo-se, depois chegou o Kalebe que começou a dividir a brincadeira com ela e logo depois a Anny e o Kaique, que conversavam entre si, tomando café e leite, representando as situações vividas (jogo simbólico).
Cantinho da telefonia:
O ambiente foi organizado com telefones em cima dos quadrados:
Foi impressionante como cada um ao entrar na sala foram exatamente um para cada telefone, uns ligando para a mamãe, outros para o papai, outros para os colegas de sala, etc. É siginifiativo também dizer que a maioria da construção dos cantos e seus acessórios são feitos por brinquedos confeccionados pelos educadores, como os jogos e caixas, tanto como sucatas e aparelhos eletrónicos que se transformaram em brinquedos: telefones, computadores, entre outros objetos.
Cantinho da leitura:
Sempre organizamos o cantinho da leitura de formas diferenciadas, afim de não se tornar monótomo e de aguçar expectativas.
Tenda de leitura,
Nicolly,
Felipe e
Riquelmy dentro da tenda lendo, manuseando os livros.
Estante de livros com tapetes e almofadas.
Riquelmy,Anny e Felipe contando e recontando histórias.
O hábito de ler está cada vez mais instigante nesta turma, o Everton que vemos na foto ao lado, já consegue até distinguir os autores dos livros mais lidos apresentados nas sequências de leitura como as autoras e ilustradores: Sônia Rosa, Luna,Tatiana Belinky, Keith Faulkner e Jonathan Lambert.
Blocos lógicos:
Os blocos lógicos de madeira dispostos nos carrinhos, dão a possibilidade de soltarem a imaginação e utilizarem as peças para várias coisas, usando o próprio carrinho. Na foto podemos perceber a concentração da Nátalia equilibrando um sobre o outro.
Cantinho da beleza:
No cantinho da b
eleza, para encrementar a brincadeira cada educador foi contribuindo com um objeto em especial, a Marcia Jorge trouxe um secador e
uma chapinha de brinquedo, eu ( Andréia) a Shirley e a Gorete ( diretora) contribuimos com embalagens como: desodorantes, potes de shampoo vazios e pentes e a Quitéria com colares e pulseiras. As crianças se divertiram muito, principalmente as meninas explorando suas vaidades. A Larissa foi a que mais se identificou com o secador de cabelo, colocava os amigos na cadeira e com muita eficiência escovava os cabelos no seu faz de conta.
Jogos de encaixe:
Diferentes jogos de encaixe desafiam as crianças e tornam a brincadeira mais empolgante, por isso procuramos sempre disponibilizar a eles esta diversidade. E solicitamos a coordenadora e a diretora que com a verba do PTRE se fosse possivel priorisasse estes brinquedos, não somente dos jogos mais de outros brinquedos para de forma organizada montar-mos kits que compoem os cantos, tornando mais fácil e rápida a organização e disposição do espaço, deixando nossos cantos mais desejáveis e atrativos.
Dado:
O dado foi
confeccionado d
urante a sequencia didática Copa do Mundo 2010, afim de introduzrir os animais da África de uma forma mais lúdica.
Os cantos sempre são organizados um pouco antes do jantar, pois nesse horário contamos com a presença dos ATES que nos auxilhiam. Assim nós professoras sempre revezamos para preparar o ambiente. Não utilizamos somente a sala de convivência, muitas vezes usamos o solário e o parque também, principalmente nos dias ensolarados.Em um determinado dia, devido a correria da rotina não conseguimos organizar os cantos e foi imcrivelmente marcante ,ver estampado na face das crianças a decepção,ao encontrarem a sala da mesma maneira que a deixaram.
O espaço não é algo que emoldure, não é simplesmente físico, mas atravessa as relações, ou melhor, é parte delas. O professor é um mediador de diferentes relações: entre crianças e o saber, entre crianças e o mundo que as cerca, entre elas mesmas, entre elas e o mundo imediato, etc.Tal como destaca Piaget 1969, a criança conhece quando atua sobre os objetos, quando prática ações sobre os objetos. As condutas complexas diante das coisas que são próprias das crianças de um ano e meio trata-se de uma verdadeira experimentação, na qual ela faz uma análise do objeto, age sobre ele e tira conclusões sobre as suas caracteristicas.
Essa exploração e experimentaçõa constantes que a criança faz sobre os objetos, no decorrer dos dois primeiros anos de vida, proporcionam-lhe um conhecimento do mundo que a envolve, as relações que podem ser estabelecidas entre os objetos e as situações ( se move isto, posso ver o que está em cima etc).
É por isso que necessitmos proporcionar situações de jogo, experiência e manipulação de objetos diversos, bem como a realização de experiências adequadas ao nível de compreensão dos menisnos e das meninas dessa idade.
Livro: Aprender e ensinar na Educação Infantil 1999.